A casa virou a escola e meu filho não aprende, é normal?
A pandemia nos forçou a enfrentar uma nova realidade e fomos obrigados a nos adaptar a uma rotina totalmente diferente da que estávamos acostumados. Ainda está sendo um desafio para todos nós, inclusive para os pequenos. Não é fácil abandonar o ambiente escolar, os amigos, encontrar motivação e foco para aprender por uma tela de computador, ainda mais somado ao estresse de não poder sair de casa como antes.
É normal que as crianças tenham apresentado um pouco mais de dificuldade na escola do que nos anos anteriores, mas é importante ficar atento e saber como identificar os primeiros sinais de transtornos específicos de aprendizagem.
O QUE É TRANSTORNO ESPECÍFICO DE APRENDIZAGEM?
O transtorno específico de aprendizagem é um problema no desenvolvimento neurológico que dificulta a aprendizagem em áreas acadêmicas específicas essenciais para o meio acadêmico:
- Leitura: é chamada de dislexia, e torna difícil fazer a conexão entre as letras e os seus sons.
- Escrita: a disortografia dificulta a tradução de pensamentos em palavras.
- Matemática: também chamada de discalculia, é a dificuldade em relação aos números, símbolos e operações matemáticas.
Alguns sinais mais específicos incluem:
- Dificuldade de soletração.
- Dificuldade de compreensão da leitura.
- Dificuldade em resolver problemas matemáticos simples.
- Dificuldade na leitura (leitura de forma lenta e imprecisa).
- Dificuldade de raciocínio.
Identificar o transtorno específico de aprendizagem é essencial para o bem-estar e saúde mental da criança. Caso esse transtorno não seja identificado e tratado precocemente, a criança corre o risco de desenvolver problemas que vão além do baixo desempenho acadêmico, como transtornos psicológicos (depressão e transtornos de ansiedade), abandono escolar e dificuldades de conseguir ou manter um emprego.
COMO DIAGNOSTICAR O TRANSTORNO ESPECÍFICO DE APRENDIZAGEM?
- A criança apresenta pelo menos um dos sintomas persistentemente por mais de 6 meses.
- As habilidades acadêmicas estão abaixo do esperado para crianças da mesma idade, o que gera dificuldades tanto na escola quanto no dia a dia da criança.
- A dificuldade de aprendizagem não é resultado de outras situações como problemas de visão e audição, desvantagens econômicas e ergonômicas, falta de instrução e dificuldades de falar e compreender a língua falada.
Existem vários graus do transtorno específico de aprendizagem, do leve ao moderado, e o tratamento varia de acordo com essa gravidade.
- Leve: crianças que apresentam grau leve de transtorno de aprendizagem tem dificuldade leve em uma ou duas áreas e são o grupo mais difícil de diagnosticar.
- Moderado: essas crianças já apresentam dificuldade significativa em aprender e necessitam de ensino especializado.
- Grave: nesse caso, as crianças apresentam um grau alto de dificuldade de aprendizagem em mais de uma área acadêmica e requerem cuidados intensivos e ensino especializado constante.
Aqui no Brasil, entre 30% e 40% das crianças apresentam dificuldades na escola no período do ensino fundamental, uma taxa muito alta. Por isso, reforço a necessidade da atenção dos pais ou cuidadores a esses sinais. Quanto mais cedo o diagnóstico e o tratamento, melhor será a qualidade dessa criança quando atingir a vida adulta.
▪▪ Dr. Davi Klava ▪▪
Atendimento Médico em Neurologia Clínica