Aprenda uma nova língua para turbinar a sua cognição

A língua, seja ela qual for, é a maior ferramenta de expressão dos nossos sentimentos, de conexão com outras pessoas e o que usamos para entender a cultura ao nosso redor. E no mundo atual, ter pelo menos o inglês no currículo já se tornou um pré-requisito básico. Mas saber falar e entender mais de uma língua vai muito além dos benefícios profissionais: ser bilíngue está associado a ter uma melhor memória, habilidades visuais e espaciais, criatividade e pode retardar o desenvolvimento de doenças cognitivas, como o Alzheimer.

COMO APRENDER UMA SEGUNDA LÍNGUA TURBINA O SEU CÉREBRO

Se você ainda não começou a aprender uma nova língua, faz parte do grupo que está em minoria. A maior parte das pessoas, no mundo, fala e entende mais de uma língua além da materna. Inglês, espanhol, japonês ou dialetos indígenas, não importa. O benefício está no processo de aprendizado do novo idioma e como o seu cérebro irá processá-lo.

Em um cérebro bilíngue, ambas as línguas estão sempre ativas e competindo. Para manter o equilíbrio e saber o momento correto de usar cada uma delas, o cérebro conta com os processos de atenção e inibição. Essa prática constante de reconhecimento e escolha de idioma fortalece os mecanismos de controle cerebrais e as conexões entre as regiões que regulam as habilidades de cognição. Essas regiões estão associadas ao processo de aprendizado e fixação do conhecimento, como a atenção e a inibição. Isso explica o porquê adultos bilíngues tem mais facilidade de aprender uma terceira língua.

Além disso, pesquisas demonstraram que a circulação sanguínea cerebral é melhor em pessoas bilíngues. Esse fluxo de sangue é visto como um marcador de atividade neuronal. Em outras palavras, pessoas bilíngues possuem uma maior atividade cerebral. A experiência de ser bilíngue não melhora a cognição apenas no aspecto psíquico, mas também melhora o aspecto estrutural, através do aumento da circulação sanguínea e da substância cinzenta no córtex parietal inferior, região associada ao controle do idioma.

PROTEÇÃO CONTRA DEMÊNCIA

Engana-se quem pensa que ser bilíngue só traz benefícios para os jovens. Em idosos, ser bilíngue parece promover um retardo no declínio da cognição e funções mentais. Ao envelhecermos, algumas regiões cerebrais podem sofrer danos, por isso, nosso cérebro cria reservas cognitivas, onde utiliza outras regiões e conexões cerebrais para suprir suas necessidades. Saber mais de um idioma pode melhorar essas reservas, pois idosos bilíngues tem melhor memória e controle das funções executivas (planejamento das ações, comportamento, mudança de hábitos e estabelecimento de prioridades).

Dessa forma, ser bilíngue também pode ser protetor contra as demências, como o Alzheimer. Um estudo com pacientes com Alzheimer, bilíngues e monolíngues, determinou que os bilíngues começaram a apresentar os sintomas iniciais da doença cerca de 5 anos depois que os monolíngues, demonstrando um retardo no início da doença em quem sabia mais de uma língua.

A busca pela prevenção e tratamento das demências é feita pela Neurologia Cognitiva. Para saber mais sobre essa minha especialidade, acesse: Neurologia Cognitiva.

Aprender um novo idioma é também uma oportunidade de explorar novas culturas, tornar-se mais empático e ganhar um hobby que te ajuda a ter longevidade com qualidade de vida. Invista nessa ideia!

Dr. Davi Klava | Atendimento Médico em Neurologia Clínica

Fonte:
– Marian, V., & Shook, A. (2012). The cognitive benefits of being bilingual. Cerebrum : the Dana forum on brain science, 2012, 13.

Deixe um comentário

All fields marked with an asterisk (*) are required