Cientistas descobriram novas evidências de como o Alzheimer progride no cérebro

A Doença de Alzheimer é a demência mais comum existente. O principal fator de risco é a idade: quanto mais velho o indivíduo for, mais chances de ter o problema, mas existem diversos outros. Como eu explico neste blog, a depressão também é um fator de risco que tem impacto. 

Quando o cérebro começa a ser atacado pela doença, o principal sintoma é a perda de memória, mas com o passar do tempo a pessoa pode se tornar incapaz de manter uma conversa simples e a qualidade de vida fica extremamente comprometida.

Esse diagnóstico é complicado, porém o avanço da medicina proporciona que o paciente viva até por décadas após ter o Alzheimer identificado. 

A CIÊNCIA E O ALZHEIMER

Até pouco tempo atrás, achava-se que a doença começava em um ponto único no cérebro e iniciava uma cascata, levando à morte das células cerebrais. Mas pesquisadores recentemente descobriram que ela atinge diferentes regiões do cérebro ao mesmo tempo, matando as células rapidamente.

O estudo foi liderado pelo Instituto de Pesquisa de Demência do Reino Unido, da Universidade de Cambridge e teve participação da Harvard Medical School. Para fazer as análises, os pesquisadores utilizaram amostras de cérebros de pacientes já falecidos com diagnóstico de Alzheimer e também exames de imagem de pacientes vivos, desde aqueles que tinham pouco comprometimento cognitivo àqueles com doença de Alzheimer já detectada.

“O pensamento era que a doença de Alzheimer se desenvolve de maneira semelhante a muitos cânceres: os agregados se formam em uma região e depois se espalham pelo cérebro”, afirmou Georg Meisl, do Departamento de Química Yusuf Hamied de Cambridge, o primeiro autor do artigo. 

“Mas, em vez disso, descobrimos que, quando a doença de Alzheimer começa, já existem agregados em várias regiões do cérebro e, portanto, tentar impedir a propagação entre as regiões fará pouco para retardar a doença”.

O professor Tuomas Knowles, também do Departamento de Química, é coautor sênior do estudo e disse que a principal descoberta da análise é que interromper a replicação dos agregados seria mais eficaz nos estágios das doenças estudados do que frear a propagação deles. 

E O QUE ISSO SIGNIFICA, DOUTOR?

A pesquisa realizada foi a primeira em que dados humanos foram usados para rastrear o desenvolvimento da demência ao longo do tempo. Por muitos anos, foram usadas apenas conclusões obtidas a partir de estudos realizados em animais. Como vocês podem imaginar, utilizar modelos humanos é infinitamente melhor para tirar conclusões mais precisas.

Não existem muitos tratamentos para o Alzheimer. Isso se explica pelo fato de que o cérebro é altamente complexo e tudo que o afeta ainda é em partes misterioso. A pesquisa mostra mais uma vez que não sabemos exatamente como o Alzheimer funciona, já que ela revela algo que ainda não sabíamos. 

Ter um estudo que esclareça mais sobre como a doença se espalha é um passo crucial na busca de tratamentos mais efetivos e, quem sabe, uma cura ou uma interrupção definitiva da progressão tão logo os primeiros sintomas sejam percebidos.

COMO DIAGNOSTICAR ALZHEIMER?

O estudo de Cambridge é importante também pois saber como as células gradualmente vão sendo afetadas pode colaborar para a descoberta de uma bateria de exames mais eficaz que identifique o Alzheimer com mais precisão. 

Como eu expliquei neste artigo, existem vários testes que podem ser feitos, mas nenhum tão preciso quanto o diagnóstico da dengue ou mesmo de um tumor. Alguns marcadores são importantes, assim como a história clínica do paciente.

A história clínica inclui os sintomas. Muitas famílias me procuram confusas pois não sabem identificar os sinais dessa demência, receio que é comum. Alguns dos sintomas do Alzheimer são:

·    Falta de memória para acontecimentos recentes

·    Repetição da mesma pergunta várias vezes

·    Dificuldade para acompanhar conversações ou pensamentos complexos

·    Incapacidade de elaborar estratégias para resolver problemas

·    Dificuldade para dirigir automóvel e encontrar caminhos conhecidos

·    Dificuldade para encontrar palavras que exprimam ideias ou sentimentos pessoais

·    Irritabilidade, desconfiança injustificada, agressividade, passividade, interpretações erradas de estímulos visuais ou auditivos, tendência ao isolamento

Importante dizer que, embora a perda de memória seja um dos principais sintomas, esquecer das coisas não é sinônimo de Alzheimer. É preciso uma investigação extremamente aprofundada para fechar o diagnóstico dessa demência, baseada em uma série de fatores.

O QUE ESSE ESTUDO MUDA, DOUTOR?

O estudo é um passo essencial para qualquer avanço em tratamento, porém ainda é um passo inicial. Muitas outras pesquisas precisarão ser feitas antes que qualquer nova terapia chegue aos pacientes. 

Enquanto isso, é importante prevenir o Alzheimer, como eu ensino neste artigo. A genética de fato conta quando falamos dessa doença, mas existem fatores como ambiente, estilo de vida e condições médicas coexistentes sobre as quais temos controle. 

E QUEM JÁ TEM ALZHEIMER?

Caso a doença seja diagnosticada ou já tenha sido, o recomendado é seguir os tratamentos – a melhor abordagem deve sempre ser definida em conjunto entre médico e paciente. Medicamentos são essenciais, mas estudos demonstraram que incentivar a vida social e estimular cognitivamente o paciente pode ser de grande valia. Neste artigo, eu falo sobre como cozinhar em família pode ser útil e prazeroso para todos.  

Como sempre repito aos meus pacientes, o acompanhamento médico deve ser constante e, de preferência, com um profissional de confiança e que faça uma abordagem humanizada, pois esse é um diagnóstico complicado e a relação com o médico vai durar por muito tempo. 

Se precisar, estou à disposição. Você pode sempre contar comigo. Agende sua consulta pelo telefone (19) 99312-4073.

Dr. Davi Klava

Atendimento médico em Neurologia Clínica

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