Como tratar a EPILEPSIA

Na semana passada falei um pouco sobre a epilepsia e suas comorbidades, as doenças que mais estão associadas a ela. Para saber sobre esse assunto, clique aqui . Hoje, trago outra questão: o TRATAMENTO. Existem 4 principais formas de se tratar a epilepsia: 1) através de medicamentos, 2) cirurgia cerebral, 3) estimulação do nervo vago, 4) dieta cetogênica. Entenda mais sobre essas alternativas através do texto!

A epilepsia pode ocorrer como resultado de um distúrbio genético ou de uma lesão cerebral adquirida, como traumatismo ou acidente vascular cerebral, e também pelo abuso de álcool e drogas, desenvolvimento de tumores e outras doenças cerebrais. Durante as crises, a pessoa experiência normalmente convulsões, mas essa condição também está associada a consequências neurobiológicas, cognitivas e psicossociais. Por isso, o seu tratamento e acompanhamento médico é essencial para garantir a qualidade de vida do paciente.

No entanto, é possível que as crises desapareçam com o tempo e o tratamento não precise ser mantido ao longo da vida. Pessoas que tem e conhecem os chamados gatilhos –  situações que desencadeiam as crises – são capazes de evitá-las apenas com a mudança de hábitos. Em outros casos, são necessários métodos mais específicos e muitas vezes invasivos, como:

1) MEDICAMENTOS ANTIEPILÉPTICOS

Também chamados de anticonvulsivantes, é a forma de tratamento mais utilizada na epilepsia, tendo o poder de ajudar a controlar as crises em 7 a cada 10 pessoas. Eles funcionam ao alterar os níveis de neurotransmissores do cérebro. Existem diversas categorias de medicamentos, e o melhor para cada paciente dependerá dos tipos de crises que ele experiência e a sua idade. Os mais conhecidos são o: valproato de sódio, carbamazepina, lamotrigina, levetiracetam e topiramato.

Como médico, faço o acompanhamento do paciente durante todo o período que estiver tomando o medicamento. Em um primeiro momento, iniciamos com uma dose pequena e vamos aumentando até que as crises epilépticas cessem completamente. Existe a possibilidade do primeiro medicamento utilizado não funcionar, o que é normal. Por isso, outros podem e devem ser testados com o acompanhamento médico. Algo comum no consultório é a queixa sobre os efeitos colaterais, como: sonolência, agitação, dor de cabeça, tremor, queda de cabelo, erupções cutâneas e inflamação das gengivas, que são investigados e controlados.

2) CIRURGIA CEREBRAL

A cirurgia cerebral pode ser uma opção quando os medicamentos não são o suficiente para controlar as crises, e quando os exames mostram que as convulsões são causadas por problemas em uma pequena região do cérebro que pode ser removida cirurgicamente, sem causar problemas sérios para o paciente. Mas, é claro, são feitos diversos testes antes da cirurgia, como o Eletroencefalograma (EEG) e a Ressonância Magnética.

Essa opção parece um pouco assustadora, mas a cirurgia é segura, sendo realizada com anestesia geral enquanto o paciente dorme. Por ser um procedimento mais invasivo, é natural que a recuperação seja um pouco demorada, podendo levar de semanas a meses e existam alguns riscos, como problemas de memória, humor e visão, que devem ser discutidos com o médico antes da realização do procedimento.

3) ESTIMULAÇÃO DO NERVO VAGO (VNS)

A Estimulação do Nervo Vago é uma técnica utilizada em conjunto com os medicamentos anticonvulsivantes, e é feita através de um pequeno dispositivo eletrônico implantado abaixo da pele na região do coração, parecido com o marcapasso cardíaco, que é conectado ao nervo vago, na região do pescoço. Dessa forma, os sinais elétricos enviados para o cérebro mudam e ajudam a controlar as convulsões. O aparelho dura cerca de 10 anos e após esse tempo, é preciso substituí-lo.

4) DIETA CETOGÊNICA

A mudança de hábitos alimentares também é uma estratégia muito utilizada para controlar as crises e convulsões da epilepsia. Uma das dietas mais utilizadas é a cetogênica, onde a alimentação se baseia em alimentos ricos em gordura e pobre em carboidratos e proteína. Pode parecer estranho, mas o elevado consumo de gordura, encontrada em carnes, por exemplo, altera os níveis dos neurotransmissores cerebrais. Essa foi a primeira forma de tratamento encontrada antes de existirem os medicamentos específicos para epilepsia.

No entanto, essa dieta não é recomendada para adultos devido ao alto risco de desenvolvimento de doenças relacionadas ao alto consumo de gordura, como a diabetes e doenças cardiovasculares, sendo mais utilizada por crianças com o acompanhamento de nutricionistas.

Possui alguma dúvida sobre o tema? Entre em contato comigo e agende a sua consulta. Você pode contar comigo para um atendimento especializado em neurologia humanizado!

Dr. Davi Klava | Atendimento Médico em Neurologia Clínica

Fonte:
– NHS Uk.

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