Diabetes e demência: como os altos níveis de açúcar no sangue podem afetar o seu cérebro
A Organização Mundial da Saúde recomenda diminuir muito o consumo de açúcar, para menos de 10% da ingestão calórica do dia, se possível. O fato é que nosso cérebro precisa, sim, de glicose para manter seu pleno funcionamento, mas a gente não precisa comer chocolate ou balas para que esse órgão fascinante consiga esse nutriente – existem outras formas de obtê-lo.
Consumo em excesso de açúcar pode desregular a relação entre a glicose e a produção de insulina pelo pâncreas e levar ao diabetes, uma doença causada também dentre outros fatores, pela genética. E engana-se quem pensa que isso é papo para depois dos 60 anos: crianças, adolescentes e adultos também podem ser diabéticos.
Existem pesquisas científicas que comprovam que diminuir a ingestão de açúcar pode desempenhar um papel essencial na preservação do cérebro. O diabetes, tanto tipo 1 quanto tipo 2, está relacionada ao aparecimento de demências, como Doença de Alzheimer, por exemplo. E o risco não é pequeno: revisão de 2012 mostrou que diabéticos têm o dobro de risco de desenvolver demência. As chances também são aumentadas na pré-diabetes.
COMO O DIABETES ESTÁ RELACIONADO AO ALZHEIMER
O diabetes é uma doença caracterizada pela elevação do nível de açúcar presente no sangue que pode ser causada por problemas no pâncreas em sintetizar a insulina ou na própria ação desse hormônio, que é responsável por promover a entrada de glicose nas células de modo que ela possa ser aproveitada para atividades celulares. Se a insulina faltar ou falhar, aparece a hiperglicemia, que é o excesso de glicose.
Ainda não se sabe se a relação entre o açúcar em excesso no organismo e as demências pode se tornar menos intensa com o tratamento correto do diabetes, por isso EVITAR o aparecimento dessa doença é primordial. Fato é que a população brasileira está vivendo cada vez mais e o Ministério da Saúde estima que 7,4% dos brasileiros convivam com diabetes, ou seja: nos próximos anos, o aparecimento de demências pode aumentar.
Um estudo publicado na edição de fevereiro de 2013 da revista médica Diabetes Care apontou que a resistência à insulina está ligada ao encolhimento do hipocampo e da amídala, duas áreas do cérebro afetadas pela Doença de Alzheimer e outras demências. Um outro estudo bastante revelador foi publicado em agosto do mesmo ano no The New England Journal of Medicine. A análise acompanhou 2 mil pacientes com mais de 65 anos por sete anos. Aqueles diabéticos que tinham o nível de açúcar no sangue mais alto apresentaram 40% mais chances de desenvolver demências do que aqueles que tinham níveis sanguíneos de glicose inferiores. Os pré-diabéticos tinham 18% mais chances de ter demência do que aqueles com níveis de glicose normais.
“Embora haja alguma sugestão de que as pessoas com diabetes têm placas e emaranhados aumentados no cérebro, os sinais característicos da doença de Alzheimer, a maioria dos estudos mostra que o risco aumentado de demência é resultado de lesões microvasculares no cérebro“, disse o Dr. Mortimer, de acordo com a revista Brain & Life. Uma comparação utilizada pela publicação é que colocar muito açúcar na corrente sanguínea é a mesma coisa que colocar algodão doce nas artérias. Com o tempo, o excesso de açúcar estreita e enrijece as artérias, provocando a aterosclerose.
A melhor forma de prevenir o diabetes é a mesma de praticamente todas as doenças: um estilo de vida equilibrado, com hábitos saudáveis.
- Coma alimentos ricos em proteínas, fibras e outros nutrientes essenciais como verduras, legumes e frutas.
- Reduza o consumo de açúcar, sal e gorduras.
- Saiba que quando falamos em açúcar não é só o tempero branquinho do café e do pudim. No organismo, tudo vira glicose. Uma das principais fontes são os pães, roscas e bolos com farinha branca.
- Pratique exercícios físicos regularmente, pelo menos 30 minutos todos os dias.
- Mantenha o peso controlado.
Já que mesmo os pré-diabéticos têm mais chance de desenvolver demências, é essencial fazer acompanhamento contante dos níveis de glicose e insulina, por meio de exames de sangue e de urina, quando solicitados pelo médico. Embora não haja comprovação científica de que o controle do diabetes diminua a chance de ter demências, quando a doença já existe, esse controle é muito importante para evitar outros problemas, como a retinopatia diabética, o acidente vascular cerebral e complicações de gripe e de Covid-19, por exemplo.
O Ministério da Saúde listou também os sintomas do diabetes. Saiba quais são:
Sintomas do diabetes tipo 1 (hereditária)
- Fome frequente
- Sede constante
- Vontade de urinar diversas vezes ao dia
- Perda de peso
- Fraqueza
- Fadiga
- Mudanças de humor
- Náusea e vômito
Sintomas do diabetes tipo 2 (quando há problemas com insulina no organismo)
- Fome frequente
- Sede constante
- Formigamento nos pés e mãos
- Vontade de urinar diversas vezes
- Infecções frequentes na bexiga, rins, pele e infecções de pele
- Feridas que demoram para cicatrizar
- Visão embaçada
Ficou com alguma dúvida? Estou à disposição para ajudar. Fale comigo pelo telefone (19) 99312-4073.
Dr. Davi Klava
Atendimento médico em Neurologia Clínica