Entenda como o canabidiol pode ajudar no tratamento do autismo

Na última década, muito se tem visto sobre os benefícios do canabidiol para tratar diversos transtornos psiquiátricos e neurológicos. Vamos entender a sua aplicação no autismo.

A Cannabis sativa é uma planta que possui mais de 100 compostos químicos ativos e dentre esses se encontram o delta-9-tetrahidrocanabinol (THC) e o canabidiol (CBD). O THC é a principal substância psicoativa e neurotóxica da Cannabis, ou seja, é responsável pela sensação de euforia, além de ser tóxico para o cérebro e para o corpo.

Por outro lado, o CBD é uma substância benéfica e que possui diversas finalidades terapêuticas. Nas últimas décadas, principalmente após a descoberta do sistema endocanabinóide no nosso organismo, que ocorreu no início dos anos 1990, houve um aumento de estudos avaliando os efeitos benéficos do uso do CBD para o tratamento de algumas doenças.

Cannabis Medicinal

Aqui no Brasil, o uso terapêutico do CBD também é conhecido por Cannabis medicinal e é regulamentado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). Embora ainda não existam estudos plenamente conclusivos, o CBD já tem sido amplamente prescrito em diversos países, incluindo o Brasil, para o tratamento de diversas doenças, como:

  • Doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e Parkinson;
  • Transtorno de Ansiedade;
  • Depressão;
  • Quadros de epilepsia;
  • Dores crônicas, como fibromialgia;
  • Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH);
  • Auxiliar no tratamentos de AIDS e câncer;
  • Transtorno do Espectro Autista (TEA) ou autismo.

No que tange o TEA, os benefícios ainda são bastante limitados. Isto porque o autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento que ainda não possui uma patofisiologia elucidada, dificultando a busca por opções terapêuticas.

O que é o Autismo?

O autismo é um conjunto de transtornos do neurodesenvolvimento caracterizado por interação social prejudicada, déficits na comunicação e padrões de comportamento estereotipados, repetitivos e restritivos. Além disso, é um transtorno bastante heterogêneo, uma vez que a apresentação em pacientes é bastante variável.

  O TEA comumente é acompanhado por outros diversos transtornos, como TDAH, ansiedade, depressão, doenças do sono e epilepsia. Atualmente, a maioria dos tratamentos utilizados são para reduzir os sintomas dos indivíduos, como a irritabilidade e agressividade. Ou seja, não há um tratamento específico para o autismo.

Os medicamentos antipsicóticos risperidona e aripiprazol são os únicos reconhecidos pelo Food and Drug Administration (FDA), dos Estados Unidos (órgão similar à Anvisa), para o tratamento dos sintomas comportamentais do autismo. Entretanto, apresentam eficácia limitada e efeitos adversos indesejáveis, o que compromete a adesão ao tratamento. Nesse sentido, o uso do CBD para tratar o autismo surge como uma ferramenta promissora.

O canabidiol pode auxiliar no tratamento do autismo?

Nos últimos anos, o número de estudos clínicos avaliando o uso do CBD para o autismo cresceu. Apesar de ainda haver limitações, as evidências clínicas mostram que o CBD como estratégia terapêutica reduziu os principais sintomas do TEA, além de oferecer diferentes graus de neuroproteção. O CBD elevou a interação social e comunicação em indivíduos com autismo e reduziu os comportamentos estereotipados.

Além disso, os estudos indicaram que o uso do CBD, em diferentes concentrações e formulações, também auxiliou no tratamento de algumas comorbidades, como a epilepsia, agressividade, impulsividade, psicose, ansiedade, depressão e transtorno obsessivo compulsivo. Isso tudo, de forma eficaz, segura e sem apresentar efeitos adversos desagradáveis.

À medida que os estudos vão avançando, é possível melhorar a nossa compreensão sobre a maneira que o CBD age no nosso corpo e beneficiar diversas outras pesquisas sobre suas potencialidades terapêuticas. Essas pesquisas auxiliam os pacientes, não só do autismo, a terem uma melhor qualidade de vida, o que é essencial para a nossa saúde mental.

Uma etapa fundamental também é o acompanhamento médico! Ao reparar em comportamentos anormais para a idade das suas crianças, não hesite em procurar auxílio médico, pois quanto mais cedo o diagnóstico, melhor é a qualidade de vida dos indivíduos e família.

E não se esqueça: estou sempre disponível para te ajudar!

▪▪ Dr. Davi Klava ▪▪

Atendimento Médico em Neurologia Clínica

Referências

Barreto, J. P. Cannabis medicinal no Brasil: ‘estamos indo ao contrário do que todos países vêm fazendo’. Jornal do Campus – Universidade de São Paulo. Disponível em:<http://www.jornaldocampus.usp.br/index.php/2022/11/cannabis-medicinal-no-brasil-estamos-indo-ao-contrario-do-que-todos-paises-vem-fazendo/>. Acesso em: 14 Dez 2022.

Pedrazzi, J. F. C. et al. Cannabidiol for the treatment of autism spectrum disorder: hope or hype? Psychopharmacology, v. 239, p. 2713-2734, 2022. doi: doi.org/10.1007/s00213-022-06196-4. Silva, C. J., Echevarria, M. A. N. Maconha, os dois lados da moeda: o THC e o CBD. Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM). Disponível em:<https://spdm.org.br/blogs/alcool-e-drogas-blogs/maconha-os-dois-lados-da-moeda-o-thc-e-o-cbd/>. Acesso em: 13 Dez 2022.

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