MENINAS & MULHERES também podem ser autistas

Tudo o que se pensava ser verdade sobre o diagnóstico do autismo parece ser verdade apenas para os meninos.

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição geralmente diagnosticada na infância, caracterizada pelo atraso no desenvolvimento cognitivo, dificuldade de comunicação e socialização, e padrões de comportamento repetitivos. No entanto, a maioria dos estudos realizados sobre o autismo tiveram um gênero em evidência: o masculino. Antigamente acreditava-se que as meninas apresentariam os mesmos sinais e sintomas, de forma ainda mais intensa. Mas o que as novas pesquisas descobriram é exatamente o contrário.

Devido a essas diferenças, as meninas e mulheres são diagnosticadas de forma tardia ou errônea. O autismo nas meninas é muito confundido com outros transtornos, como o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) e até mesmo a anorexia. Um estudo comparou os traços do autismo e seu diagnóstico em 15 mil gêmeos e descobriu que as meninas precisam ter mais problemas comportamentais ou deficiências intelectuais significativas do que os meninos, para serem diagnosticadas

Isso ocorre pelo equívoco de se acreditar que o autismo é apenas “coisa de menino” associado a como o autismo se apresenta de forma diferente nas meninas

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO AUTISMO NAS MENINAS E MULHERES

A CAMUFLAGEM DO AUTISMO
As meninas conseguem camuflar os traços do autismo com mais facilidade, ao estudarem e imitarem o comportamento das outras pessoas ao seu redor. Elas acabam se tornando ótimas “atrizes”, mesmo que isso as deixem exaustas e a realidade “por dentro” seja bem diferente do que expressam.

Os cientistas acreditam na teoria da “proteção feminina”. Os hormônios femininos foram associados a habilidades de socialização, enquanto altos níveis de exposição ao hormônio testosterona durante o desenvolvimento fetal foi associado ao desenvolvimento do autismo. Por isso, acredita-se que os hormônios femininos conferem certa proteção, por isso as mulheres apresentam traços menos “óbvios”.

MAIOR INTERESSE NA VIDA SOCIAL
Uma característica bem marcante nos meninos é a falta de interesse pela vida social. Eles parecem não se importar se têm amigos ou não, enquanto as meninas demonstram um desejo de se conectar com outras pessoas. Por isso, podem agir de forma a colocar regras e regularidades na vida e relações sociais.

Dessa forma, o autismo pode ser mais difícil e doloroso para as meninas e mulheres. Pois, enquanto os meninos não sofrem com a falta de socialização, as meninas têm o interesse, mas ele vem acompanhado com as limitações do autismo, o que faz ser mais difícil para elas se relacionarem com outras pessoas, trazendo a solidão. Um estudo observou que entre mulheres adultas com autismo, 71% relataram ter pensamentos suicidas, sendo uma taxa 10x maior do que a da população em geral.

INTERESSES GERAIS E COMPORTAMENTO REPETITIVO
Os autistas também são conhecidos pelos interesses peculiares e por focarem muito em algum tema, objeto ou brinquedo. Mas as meninas com autismo possuem passatempos e interesses mais parecidos com os das outras meninas da mesma idade, além de apresentarem menos comportamentos repetitivos que os meninos.

Um exemplo são as brincadeiras de imitação, como “mamãe e filhinha”, “panelinha” e outras atividades onde as crianças imitam o comportamento dos adultos. Os meninos dificilmente se engajam nessas brincadeiras, enquanto as meninas brincam mais. No entanto, esse fato está muito relacionado à camuflagem do autismo. Ao observar a brincadeira, a menina pode parecer ter um comportamento padrão, mas ela processa a situação de forma diferente.

Por isso, o que é marcante para as meninas com autismo não é a natureza dos seus interesses, mas sim a sua intensidade, que costuma ser elevada.

Ficou com alguma dúvida sobre o assunto? Envie uma mensagem e agende a sua consulta. Um profissional atualizado faz todo o diferencial no diagnóstico do autismo.

Dr. Davi Klava | Atendimento Médico em Neurologia Clínica

Fonte:
– Scientific America, “Autism—It’s Different in Girls”, 2016.

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