Meu médico me indicou uma POLISSONOGRAFIA, e agora?
Você acorda já cansado – em vez de sentir que repousou, parece que foi atropelado por um caminhão. Na hora de dormir, não sente vontade. Seu marido ou mulher ou algum amigo que viajou contigo certa ocasião falou que você ronca ou, pior, chega a ficar sem respirar por alguns momentos.
Esses são sinais de que algo não está funcionando como deveria no organismo. Nesses casos, depois da avaliação clínica, o médico pode requisitar uma polissonografia.
Também chamado de “estudo do sono”, esse teste é abrangente. Registra ondas cerebrais, níveis de oxigênio no sangue, frequência cardíaca e respiração, assim como os movimentos dos olhos e das pernas durante o estudo.
Este é um exame que pode ser realizado em clínicas ou hospitais. É preciso que o paciente se prepare para passar a noite no local, como se fosse uma noite de descanso comum – nos casos das pessoas que trabalham durante a noite, o horário pode ser adaptado. A polissonografia inclui vários testes: o eletroencefalograma (EEG), o eletrooculograma (EOG), o eletromiograma (EMG), o eletrocardiograma (ECG) e a oximetria de pulso.
Como eu explico no meu site, são posicionados diversos eletrodos e sensores pelo corpo do paciente. Não é preciso tomar nenhuma medicação, contraste ou anestesia, não oferece risco nem é invasivo. Depois do teste, a vida pode seguir normalmente, com trabalhos e outras atividades do dia a dia. A polissonografia não serve apenas para diagnóstico, mas também ajuda na elaboração do plano de tratamento caso o indivíduo já tenha sido diagnosticado com algum distúrbio do sono, como a apneia.
Qual é o objetivo do exame?
É monitorar os estágios e ciclos do sono para identificar onde os padrões são quebrados e qual a razão – acordar cansado, por exemplo, pode indicar que a pessoa não está tendo a quantidade de sono profundo.
O processo normal de adormecer começa com um estágio de sono chamado “sono de movimento não rápido dos olhos” (NREM). Durante esse estágio as ondas cerebrais diminuem bastante, e isso pode ser comprovado por meio do eletroencefalograma.
Depois de uma ou duas horas de NREM, entra em cena o sono REM, o “movimento rápido dos olhos”. É quando ocorre a maior parte dos sonhos.
Durante a noite, a gente alterna entre o sono NREM e o REM, a cada uma hora e meia, mais ou menos. Os distúrbios do sono atrapalham esse processo. Um dos mais comuns deles é a apneia do sono, que é crônica e pode piorar com o tempo.
Ela favorece o surgimento e a ocorrência de problemas graves como hipertensão, insuficiência cardíaca, arritmia, acidente vascular cerebral (AVC) e diabetes. A apneia caracteriza-se pela interrupção completa do fluxo de ar através do nariz ou da boca por um período de pelo menos dez segundos nos adultos. Meus pacientes muitas vezes ficam surpresos ao receber esse diagnóstico, pois significa que eles passam alguns momentos da noite sem respirar. Em alguns casos, pode ser necessário o uso de um aparelho chamado BPAP, que impede que isso aconteça, pois ajuda a pessoa a respirar.
Outro distúrbio do sono é o transtorno do movimento periódico dos membros, em que a pessoa involuntariamente flexiona e estende as pernas enquanto dorme, condição muitas vezes associada à síndrome das pernas inquietas. A narcolepsia também é um dos distúrbios do sono, e bastante grave: o indivíduo sente uma sonolência por vezes incontrolável durante o dia.
Podemos listar também o transtorno de comportamento do sono REM, que envolve a representação de sonhos enquanto você dorme. Outro bastante sério é o que comumente a gente chama de sonambulismo: caminhar, movimentar-se muito ou realizar movimentos rítmicos. E outro, claro, um dos mais importantes, é a insônia crônica inexplicável, uma queixa constante no consultório que atrapalha demais a qualidade de vida dos pacientes.
Já deu para perceber que esse é um exame muito importante, né? Por isso, se seu médico solicitou o teste, realize o quanto antes. Enquanto isso, anote já algumas dicas para levar para a vida e ter noites de sono melhores:
- Adote horários regulares de sono, mesmo aos finais de semana.
- Evite dormir muito ao longo do dia.
- Faça atividade física de manhã ou à tarde. Elas são essenciais, mas se realizadas à noite podem provocar agitação.
- Consuma alimentos leves no jantar.
- Evite o consumo de bebidas alcoólicas.
- Diminua a exposição à luz durante a noite, deixe o celular de lado três horas antes de deitar.
- Crie um local aconchegante para repousar.
- Faça atividades relaxantes à noite, como tomar um banho morno, ler, pintar, bordar, escutar música calma e meditar.
- Não brigue com a insônia. Não vá para a cama sem sono, pois isso só vai te deixar irritado. Leia um pouco ou assista a um programa de TV bem chato para induzir a vontade de dormir.
Algo no seu sono está te incomodando? Tem alguma dúvida? Fale comigo pelo telefone (19) 99312-4073.
Dr. Davi Klava
Atendimento Médico em Neurologia Clínica