Novos medicamentos para o tratamento da ENXAQUECA

A enxaqueca é uma condição complexa que já provou ser difícil de ser tratada. Para muitos, é uma dor que limita e entristece. Por isso, novos medicamentos como o CGRP trazem esperança.

Muitos pacientes novos, ao chegarem ao consultório, relatam já terem tentado todos os medicamentos possíveis para curar a dor da enxaqueca. A enxaqueca é um dos mais de 150 tipos de dor de cabeça e se caracteriza por ser uma dor de longa duração (de 4h a 3 dias), tem início de forma latejante e vai se intensificando gradualmente, podendo provocar sensibilidade a luz e ao som, náuseas e vômito. Geralmente é causada por alterações hormonais e o tratamento baseia-se no controle dos sintomas.

No entanto, a enxaqueca é uma condição complexa e para encontrar um tratamento de funcione é preciso acompanhamento com um bom profissional neurologista, tempo e alguns testes. Diversos medicamentos geralmente utilizados com o propósito de aliviar os sintomas são originalmente destinados a outras doenças, como antidepressivos, anticonvulsivantes, anti-hipertensivos e até mesmo o Botox. Mas nem todos os medicamentos funcionam para todas as pessoas. Por isso, os medicamentos da classe dos inibidores de CGRP são uma boa alternativa.

Para saber mais sobre a enxaqueca, acesse: Cefaleia e Dor.

O QUE É CGRP?

O Peptídeo Relacionado ao Gene da Calcitonina (CGRP) é um neuropeptídeo, ou seja, uma substância que os neurônios usam para se comunicar. Os cientistas o consideram como um estimulador da enxaqueca no sistema trigeminovascular, por causar a dilatação dos vasos sanguíneos associados cranianos, associados ao nervo trigêmio, constituído por 3 ramos: o nervo oftálmico, o maxilar e o mandibular). O que se acredita é que medicamentos que impeçam que o CGRP encontre os seus receptores, impedirão também as crises de enxaqueca.

COMO ESSES MEDICAMENTOS FUNCIONAM?

Essa nova classe de medicamentos contra a enxaqueca são desenvolvidos para impedir que o CGRP chegue ao seu receptor, seja através do bloqueio do receptor ou se ligando ao próprio CGRP e sequestrando-o da circulação, diminuindo sua quantidade e consequentemente, diminuindo a quantidade e intensidade das crises.

Isso não significa que os medicamentos funcionam para todas as pessoas. Mas eles representam uma nova alternativa para quem já tentou todos os outros tipos de tratamento e não obteve resultado, trazendo esperança de se recuperar qualidade de vida. Segundo estudos, os medicamentos da classe dos CGRP impediram os ataques de enxaqueca em cerca de 1 a cada 4 pessoas que utilizaram o medicamento, e 2 a cada 4 pessoas relataram melhora moderada, com menos ataques.

QUAIS SÃO AS VANTAGENS E DESVANTAGENS?

Além da eficácia, uma das maiores vantagens do seu uso está relacionada aos efeitos colaterais. Enquanto outros medicamentos para a mesma finalidade causam náusea, fadiga e aumento da pressão sanguínea, os da classe do CGRP têm efeitos colaterais mínimos, como a constipação, em pouquíssimas pessoas. No entanto, como o CGRP causa dilatação dos vasos sanguíneos, bloquear esse mecanismo pode causar, a longo prazo, aumento dos riscos de ataque cardíaco e AVC (Acidente Vascular Cerebral).

Por esse desconhecimento dos efeitos a longo prazo e pelo elevado custo, os medicamentos para enxaqueca inibidores de CGRP são indicados apenas em últimos casos, quando mais nenhum outro método medicamentoso ou não medicamentoso funcionou.

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Dr. Davi Klava | Atendimento Médico em Neurologia Clínica

Fonte:
– Nature 586, “A new generation of headache drugs”, S4-S6 (2020).
–  Sociedade Brasileira de Cefaleia, A Nova Era No Tratamento para Enxaqueca, os anticorpos monoclonais anti-CGRP, 2018.

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