O seu jeito de dirigir pode revelar sinais precoces do Alzheimer, diz estudo realizado nos EUA
A Doença de Alzheimer é a demência mais comum. Antes mesmo de os sintomas (os esquecimentos, por exemplo) começarem, tem um estágio pré-clínico, muito sutil e que às vezes passa despercebido, mas que pode afetar comportamentos complexos, como dirigir. Digo que dirigir é complexo porque envolve atenção, resolução rápida de imprevistos e movimentos motores.
Esse estágio pré-clínico, em que o cérebro já começou a ser afetado, pode ser diagnosticado por meio de imagens e punção lombar, mas esses exames não são muito utilizados porque custam caro e nem sempre estão disponíveis ou são aceitos pelos pacientes e suas famílias (a punção lombar é um exame invasivo e desconfortável).
Para identificar uma forma menos invasiva de perceber esse estágio pré-clínico, um estudo feito nos Estados Unidos buscou avaliar se os GPS dos veículos conseguiam diferenciar se quem estava dirigindo era um idoso com estágio pré-clínico da Doença de Alzheimer ou um idoso sem sinais da doença. O grupo monitorado foi composto por 139 pessoas com mais de 65 anos, moradoras do estado de Washington. Do total de idosos, 64 estavam em estágio pré-clínico e 75 não tinham sinais de Alzheimer.
Uma das informações importantes que esse estudo trouxe é que o estágio pré-clínico precede a Doença de Alzheimer em 20 anos, então seria muito importante ter um método não invasivo, como o GPS, que identificasse as sutilezas dessa fase. Assim, daria para retardar a progressão da doença e garantir uma vida com mais qualidade ao paciente.
Os voluntários do estudo tiveram seus hábitos de direção monitorados de perto por um ano. De acordo com a BBC Brasil, os pacientes que já estão desenvolvendo o Alzheimer tendem a dirigir mais devagar, fazer mudanças abruptas, dirigir menos à noite e rodar menos quilômetros no total. Eles também foram para menos lugares, fazendo rotas mais restritas.
Para os pesquisadores, a condução por GPS pode servir como um biomarcador digital eficaz e preciso para identificar Doença de Alzheimer entre adultos mais velhos. E muito importante: sem nenhum procedimento invasivo e com baixo custo.
Espero que em breve possamos contar com um método de identificar o Alzheimer antes que ele esteja avançado. Muitos familiares chegam ao consultório abalados, se perguntando quais sinais deixaram passar e achando que isso poderia ter feito diferença para o tratamento de alguém que amam. Realmente, o diagnóstico precoce é importante e sempre é melhor saber desde cedo que se tem Alzheimer para frear sua progressão e controlar os sintomas, mas infelizmente muitos sinais acabam passando despercebidos ao longo do tempo.
Enquanto esses avanços não acontecem, saiba que algumas mudanças de hábitos e atitudes simples podem prevenir o Alzheimer. Eu falei um pouco sobre eles em outro texto.
Os sintomas da Doença de Alzheimer incluem:
- Perda de memória
- Problemas para completar tarefas que antes eram fáceis
- Dificuldades para resolver problemas
- Mudanças no humor ou personalidade; afastamento de amigos e familiares
- Problemas com comunicação escrita e falada
- Confusão sobre locais, pessoas e eventos
- Alterações visuais, como problemas para entender imagens
Preciso lembrar que, infelizmente, tudo que diz respeito à ciência pode demorar um pouco, por isso não há ainda previsão para que essa tecnologia nos GPS possa chegar a todos. Enquanto isso, vale a pena observar o modo como você, sua mãe, seu avô ou sogra dirigem. Sabendo sobre os sinais que citei lá em cima, caso algum se manifeste ou ocorra uma mudança no estilo de direção, é importante consultar um médico.
Caso qualquer outro dos sinais apareçam, não demore e consulte um médico. Estou à disposição! Marque uma consulta pelo telefone (19) 99312-4073.
Dr. Davi Klava | Atendimento Médico em Neurologia Clínica