Os dados não mentem: sintomas neurológicos da COVID são regra e não exceção
Dor de cabeça, fadiga, fraqueza, perda do olfato e paladar, depressão e ansiedade. Esses foram alguns dos sintomas relatados por pacientes após a infecção por coronavírus. É o que mostra um estudo feito por Jonathan Rogers, pesquisador da University College London, no Reino Unido.
Trata-se de uma revisão sistemática, ou seja, quando um grupo de pesquisadores analisa resultados que foram encontrados em outros estudos. Na análise, Roger e sua equipe levaram em conta 215 estudos, a maioria deles com pacientes que haviam sido hospitalizados em algum momento, um total de 105.638 pessoas.
O estudo deixa claro que mais análises devem ser feitas para determinar a relação entre a infecção e os sintomas neurológicos, mas pontua ainda que os sintomas neurológicos e neuropsiquiátricos da Covid são variados e comuns. A equipe deixa clara a necessidade de desenvolver exames para avaliar essas complicações.
A Pebmed traz ainda um estudo feito com pacientes hospitalizados em Wuhan, na China, o primeiro epicentro da pandemia. Foram listados sintomas neurológicos apresentados pelos pacientes, como dor de cabeça, tontura, epilepsia, perda de olfato e sintomas musculares esqueléticos, ligados ao sistema nervoso central. Isso só para citar alguns. E uma das coisas que eu achei mais impressionante nesse levantamento é que ele foi feito lá no comecinho da crise mundial.
Um outro estudo, publicado na famosa revista científica The Lancet, mostrou que aumentou a incidência de doença psiquiátrica (ansiedade, insônia e demência) em pacientes sem histórico de doenças do tipo. Esse aumento ocorreu de 14 a 90 dias depois da infecção.
E os efeitos da Covid podem não estar acontecendo só agora. Segundo a Harvard Health Publishing, é importante estar atento a consequências a longo prazo, inclusive em gerações futuras. Após a pandemia de gripe em 1918, por exemplo, os bebês de mães que haviam sido infectados apresentaram maior prevalência de esquizofrenia.
Segundo a Academia Brasileira de Neurologia, muitos espanhóis desenvolveram sintomas neurológicos depois da Covid, que vão desde uma dor de cabeça até o coma. A resposta para isso pode ser mais de uma, segundo a organização: tanto a resposta exagerada do sistema imunológico ao vírus quanto o fato de o coronavírus atacar diretamente o cérebro.
Ou seja…são vários motivos pra gente se vacinar e continuar se protegendo, né?
Têm se tornado comum no meu consultório os relatos de pacientes que estão sentindo algum desconforto neurológico depois da doença. A Harvard Health Publishing deu algumas dicas para diminuir as consequências mentais da doença.
Anota aí:
– Se vacine! Pessoas com transtornos psiquiátricos são grupos de risco para Covid-19;
– Use máscara e mantenha o distanciamento social;
– Distância física não quer dizer distância emocional. Converse com quem você ama, com seu médico e psicólogo de confiança;
– A tecnologia está aí pra gente aproveitar. Faça terapia online, leia…
– Pratique exercícios físicos. Eles liberam um hormônio incrível, a endorfina, que alivia depressão, reduz estresse e ansiedade e aumenta autoestima;
– Relaxe. É importante manter uma rotina de coisas que fazem bem, como um banho bem quentinho e jantar com calma. Isso vai te ajudar a sentir que está no controle da situação;
– Cuidado com alguns medicamentos a longo prazo, pois eles podem levar à tolerância, dependência e ansiedade de rebote. Converse sempre com seu médico;
– Evite o uso de drogas lícitas ou ilícitas;
– Preste atenção à cafeína, pois ela pode aumentar a ansiedade e os problemas de sono;
– Ofereça ajuda para alguém que precisa. Você pode modificar uma vida com uma simples ligação.
Se você teve Covid – seja ela leve, moderada ou grave – e está apresentando algum sintoma, é imprescindível marcar uma consulta médica. Só assim, com a avaliação clínica e com os exames, vai ser possível definir o melhor tratamento para diminuir esse desconforto e voltar à vida normal.
Conte comigo! Entre em contato pelo telefone (19) 99685-4402
Dr. Davi Klava
Atendimento Médico em Neurologia Clínica