Os desafios de sobreviver a um tumor cerebral

Um dos diagnósticos que mais assustam na medicina é o de tumor cerebral.  Felizmente, eles são raros e representam a minoria dos casos de neoplasia diagnosticados. 

Como tudo que diz respeito ao “comandante” do nosso organismo, ainda é necessário muito estudo para entender os fatores de risco dos tumores cerebrais. Alguns, no entanto, já são conhecidos. O que se sabe é que o fator genético tem grande impacto e o paciente ter recebido radiação – para tratar algum outro câncer, por exemplo, ou até pelos telefones celulares, e ter doenças que comprometem o sistema imunológico.

Existem dois tipos: o que se origina no cérebro e o que migra para lá, como os tumores de mama, que podem apresentar metástase. A medicina evoluiu bastante e grande parte desses cânceres no cérebro são tratáveis e curáveis.

Esses tumores podem ser malignos ou benignos e o tratamento envolve cirurgia, quimio ou radioterapia, podendo ser os três combinados. Infelizmente, o fim do tratamento não significa o fim da necessidade de acompanhamento médico e nem que o paciente estará completamente bem. 

Existem duas faces de um mesmo fator: ao mesmo tempo em que muito mais gente sobrevive a um tumor cerebral maligno, justamente pelos avanços nas terapias, o que é excelente, temos visto mais pacientes com sequelas deixadas pelo próprio câncer e pelos tratamentos, sendo às vezes agressivos.

QUAIS SÃO AS SEQUELAS DE TUMORES CEREBRAIS?

Ainda sabemos pouco sobre as sequelas de tumores cerebrais, que podem incluir:

  • Lacunas na visão
  • Fraqueza de um lado do corpo
  • Perda cognitiva  (dificuldade de concentração, raciocínio e para tomar decisões, por exemplo)
  • Problemas com a memória
  • Fadiga
  • Problemas na função endócrina, afetando o humor, a função dos tecidos, o metabolismo e o crescimento
  • Dificuldades para se comunicar ou com a linguagem

DOUTOR, COMO AJUDAR UM PACIENTE COM SEQUELAS DE TUMORES CEREBRAIS?

É claro que nem todos os pacientes têm  a mesma sequela, afinal, elas dependem de qual área cerebral foi afetada pela doença e o que essa região comandava: se eram os movimentos ou a linguagem, por exemplo.

Como em várias doenças sobre as quais eu escrevo, neste caso também recomendo que uma equipe multiprofissional acompanhe o paciente. Um teste neurocognitivo é importante para determinar quais os pontos fortes e fracos, ou seja, aqueles que foram afetados, e determinar um plano de ação.

Um outro ponto importante é que nem sempre o paciente poderá voltar ao trabalho. Por fora, ele pode parecer saudável, mas como expliquei lá em cima, as funções cognitivas podem estar comprometidas.

Um assistente social ou orientador de carreiras pode ajudá-lo a encontrar um novo trabalho que seja de meio período ou para fazer o serviço de casa. Se isso também não for possível, mais uma vez o assistente social pode orientar a família para incluir a pessoa em um programa de assistência governamental ou mesmo aposentá-la por invalidez.

EXISTE TRATAMENTO PARA TUMOR CEREBRAL?

Seria importante que o paciente fosse incluído em um programa de reabilitação, se possível. Reflita comigo: é como se ele tivesse sofrido um acidente com trauma cerebral. É hora de reaprender a realizar algumas tarefas como falar, comer sozinho, andar e fazer contas.

O médico também pode receitar comprimidos como a terapia de reposição hormonal para ajudar a regular o humor e a disposição. Falando em médico, as consultas periódicas são essenciais para acompanhar o desenvolvimento da pessoa.

É importante anotar aspectos da rotina em um diário, como quando ocorrem convulsões, se esse for o caso e em quais momentos do dia o paciente consegue lidar melhor com atividades que exigem muito dele.

Como eu expliquei nesse artigo, voltado aos sobreviventes de um aneurisma, não adianta apenas reclamar da realidade. O foco deve ser na reabilitação. Gastar energia somente com a frustração só tira o gás de se recuperar, um processo que pode durar meses, anos ou até ser permanente.

Outro aspecto muito importante, também falado no artigo, é viver um dia de cada vez. Talvez o paciente nunca retome seus antigos 100%, mas com ajuda é possível viver uma vida saudável e tranquila após um tumor cerebral. 

O suporte psicológico pode ser crucial para que o paciente entenda sua nova realidade sem sentimentos de frustração consigo mesmo e com a vida e aprenda a ressignificar momentos. E não é apenas ele que precisa de um esteio: a família também necessita de ajuda para ter paciência e colaborar ao máximo com a reabilitação do paciente. 

PROCURANDO APOIO

O apoio da família, amigos e profissionais envolvidos na reabilitação é essencial, mas eu sempre aconselho a quem puder para entrar em um grupo de sobreviventes ou pacientes em tratamento contra o câncer. São pessoas que sabem pelo que a pessoa está passando e podem compreendê-la de uma forma que a família nem sempre consegue, por mais acolhedora que seja.

A troca de experiências e de conselhos sobre como enfrentar os dias difíceis pode ser de grande ajuda para a reabilitação.

Se você ou alguém da sua família está se recuperando de um tumor cerebral, estou aqui para ajudar esse processo a ser mais tranquilo. Entre em contato comigo pelo telefone (19) 99312-4073 e vamos conversar.

Dr. Davi Klava

Atendimento médico em Neurologia Clínica

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