Para ajudar familiares com Alzheimer, a resposta pode estar na COZINHA

Uma pessoa com Doença de Alzheimer precisa fazer atividades de que goste e interagir com outras pessoas. Às vezes, ela tem dificuldade de decidir o que fazer e precisa de ajuda e incentivo, como mostra a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia de São Paulo. 

Uma dúvida recorrente que surge em meu consultório, por parte dos cuidadores dos pacientes com Alzheimer, é: o que posso fazer para melhorar a qualidade de vida de minha mãe, avô, sogro?

São várias atividades importantes e que colaboram para que se tenha mais qualidade de vida, tantas que seria impossível descrever em um único texto, mas hoje vim falar sobre uma que tem se mostrado muito benéfica: a culinária! Isso mesmo! A perda da capacidade de cozinhar é um dos sinais do Alzheimer moderado, porém essa atividade, quando supervisionada, pode ajudar a pessoa a recuperar talentos, capacidades e até resgatar memórias! Afinal, quem nunca ouviu alguém dizer que cozinhar é uma terapia?

Estudos apontam que a culinária pode ser benéfica para combater a perda das funções cognitivas. Outras análises sugerem que não é o ato em si que faz bem, mas sim fazer isso junto com outras pessoas, o aspecto socializante da culinária. 

A revista cita um estudo da University College London que analisou mais de 10 mil participantes de meia-idade entre os anos de 1997 e 2016. Durante esse período, os voluntários tiveram que fazer cinco testes cognitivos. A análise deles e de outros aspectos de saúde mostrou que ter mais interações sociais aos 60 anos está associado a um melhor desempenho cognitivo na vida adulta e menor risco de desenvolver demência. 

A Brain&Life menciona ainda um estudo publicado no American Journal of Recreation Therapy em 2003. Segundo ele, cozinhar em um ambiente seguro ajudou a reduzir a passividade e a agitação em adultos que eram cuidados e que tinham vários graus de demência. 

Uma das pesquisadoras, Suzanne Fitzsimmons, mencionou que até os idosos que não cozinhavam há bastante tempo iam para a cozinha como que por instinto. Depois de fazer manteiga, conseguiram passar no pão sozinhos; após algumas semanas, comeram salgadinhos de forma independente – e eles eram alimentados por cuidadores. Começaram também a conversar mais, principalmente com os colegas da cozinha, além de contar para os familiares sobre suas vitórias. Tudo isso pode parecer pouco para uma pessoa perfeitamente saudável, mas para quem tem dificuldade em se alimentar sozinho, por exemplo, são grandes e significativos passos e representam mais qualidade de vida e independência. 

Veja algumas dicas para ter momentos agradáveis cozinhando com um paciente com Alzheimer:

  • Salada de frutas, pequenas pizzas, arroz, macarronada, sopa de legumes…escolha receitas fáceis, com poucos ingredientes e passos simples. Pratos que não precisem passar pelo fogão ou possam ser montados são interessantes.
  • Tanta coisa na vida passou por adaptação depois desse diagnóstico, não é mesmo? Algumas receitas podem precisar de mudanças para atender às necessidades desse paciente. Se uma torta for complicada demais, tente um purê. Preparar uma receita simples também traz benefícios. 
  • Avalie a habilidade do paciente. Se ele não consegue cortar, sem problemas. Ele pode montar um prato, amassar a batata, passar farinha na assadeira…
  • Atenção à segurança. Não deixe o paciente sem supervisão e tome especial cuidado com fogo e utensílios afiados. 
  • Seque líquidos se algum for derramado e tome cuidado com farinha e açúcar, por exemplo, perto dos idosos com problemas respiratórios. 
  • Se a pessoa derrubar algo, não fique bravo e deixe claro que está tudo bem, que não tem problema. Cuidado, carinho e amor são sempre a melhor solução nesses casos. 

Para saber mais sobre como ajudar pacientes com Alzheimer, continue acompanhando nossas postagens e me procure! Estou aqui para ajudar nesse caminho difícil, mas possível de ser trilhado com mais tranquilidade. Fale comigo pelo telefone (19) 99685-4402.

Dr. Davi Klava

Atendimento Médico em Neurologia Clínica

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