Por que os homens são mais vulneráveis a Covid-19?

Em alguns países, a Covid-19 afetou mais os homens do que as mulheres. Houve locais em que elas respondiam pela maioria dos casos, mas eles pela maior parte das mortes. No Brasil, inclusive, a doença matou mais homens do que mulheres proporcionalmente. 

Isso intriga cientistas do mundo todo, que levantam hipóteses e buscam respostas para esses dados. Muito ainda precisa ser pesquisado para se chegar a uma conclusão definitiva.

Em fevereiro de 2020, quando o SARS-CoV-2 pouco tinha avançado pelo mundo em relação à proporção que tomou alguns meses depois, a taxa de mortalidade foi de 4,7% entre eles e de 2,8% entre elas, de acordo com relatórios da China publicados pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Na faixa dos 50 anos, os homens morriam quatro vezes mais do que as mulheres.

A verdade é que, mesmo após quase dois anos em que a crise começou, lá na China, no final de 2019, há muitas perguntas sobre a Covid-19 a serem respondidas. Várias vacinas seguras e eficazes foram desenvolvidas, mas essa doença parece um quebra-cabeças difícil de ser completamente desvendado pelos cientistas.

Covid-19: diferença entre homens e mulheres

Pesquisadores levantam várias questões, como: o sistema imunológico das mulheres é mais forte, lhes permitindo lutar melhor contra o vírus? Embora as mulheres estejam mais propensas a doenças por questões hormonais, como esclerose múltipla, lúpus e artrite reumatoide, o sistema imunológico delas tende a ser mais “sofisticado”. Ele sabe, por exemplo, manter um corpo estranho dentro do útero sem rejeitá-lo durante a gravidez. Essas doenças, como a artrite reumatoide, podem progredir mais rápido nos homens, mas a propensão maior das mulheres a esses problemas autoimunes pode indicar que o sistema imunológico delas trabalha de forma mais robusta.

De acordo com os cientistas, “existe algum tipo de estímulo ou influência ambiental local no sistema imunológico das mulheres que contribui para a forma como elas estão preparadas para reagir. Às vezes, os hormônios do seu próprio corpo, às vezes influências ambientais e às vezes algo como um vírus pode alterar esse equilíbrio para ativar uma resposta imunológica.” 

Para a ciência, existem diferenças na resposta imunológica em diferentes órgãos, como pulmões, pele, rins e cérebro. O que ficou evidente durante a crise sanitária da Covid-19 é que essas discrepâncias precisam ser mais estudadas – se isso já tivesse sido feito, pode ser que houvesse mais respostas e formas de proteger os homens da maior mortalidade.

Alguns acreditam que a maior mortalidade por Covid-19 entre os homens tem a ver com o fato de que eles fumam mais, entre eles há maiores taxas de obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares, que a gente sabe que são fatores de risco muito importantes para a infecção por coronavírus.

Os homens se colocam mais em risco? 

De acordo com pesquisadores, eles são menos propensos a usar máscaras, uma barreira essencial para a proteção contra a infecção. O que eu sei de experiência no consultório é com relação ao comportamento masculino, provocado por fatores sociais. Muitas vezes os homens ainda relutam mais em se cuidar. Eles vão menos ao médico e fazem menos exames, portanto descobrem doenças mais tardiamente, o que agrava muito o quadro. 

Eles também são menos cuidadosos do que elas quando o assunto é tratamento. Esquecem de tomar os remédios ou simplesmente nem compram ou pegam na unidade de saúde. Muitas vezes, chegam ao consultório incentivados pelas esposas ou pelos filhos, não por conta própria. Quando os primeiros sintomas de Covid-19 aparecem, muitos relutam em ir de imediato ao pronto-socorro, por isso quando chegam ao médico o quadro já está mais grave e pode ser de difícil reversão.

Por isso, neste Novembro Azul, mês dedicado à conscientização sobre a saúde masculina, deixo aqui alguns conselhos para os homens:

  • Se vacinem, utilizem máscara, mantenham o distanciamento social e evitem aglomerações. Algumas atividades da nossa vida que ficaram paralisadas durante a pandemia podem sim voltar a ser feitas, mas a Covid-19 ainda é uma realidade.
  • Vale repetir: se vacinem. Muitos homens relutam em receber o imunizante por achar que não precisam, mas eles são nossa melhor arma para sair dessa crise. Todos os aprovados são seguros e eficazes.
  • Vão ao médico com frequência e não deixem de fazer os exames solicitados.
  • Se tiverem alguma doença como diabetes ou hipertensão, façam o tratamento correto para mantê-la controlada. Um problema controlado evita as complicações por Covid-19.
  • Tem algum sintoma de infecção por coronavírus? Procure imediatamente um pronto-socorro ou seu médico de confiança. Chegar rápido ao atendimento e receber os medicamentos e tratamentos disponíveis, como fisioterapia, faz toda a diferença. 

Falo por experiência própria: é muito fácil a gente querer dar conta de tudo e proteger nossa família de qualquer problema, às vezes esquecendo de nós mesmos ou deixando para depois. Com saúde, essa não é uma opção. Cada um precisa ser prioridade da sua vida, pois somente assim é possível cuidar do outro. 

Conte comigo sempre! Estou sempre à disposição pelo telefone (19) 99312-4073.

Dr. Davi Klava

Atendimento médico em Neurologia Clínica

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